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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

LÚCIFER NUNCA FOI UM ANJO CAÍDO



O falso fundamento.

Na realidade, Isaías (14,12) não faz nada mais que comparar a queda de um tirano, o rei da Babilônia, sem dúvida Nabucodonosor ou Nabônides- à queda de Helél bem Shahar da mitologia fenícia. Na epopeia mítica de Râs-Shamra aparecem as divindades Estrela d'Alva e Aurora. Reuniam-se com os outros deuses na Montanha da Assembléia, como os deuses greco-romanos no Olimpo.

Ora, Helel bem Shahar ou a Estrela d´Alva, é o planeta Venus, a estrela mais brilhante ou Lúcifer (= Que leva a luz), a primeira estrela que aparece e a última que some. Queda de Lúcifer. A estrela mais brilhante. E transformou-se na queda de Satanás, e no príncipe dos anjos rebeldes.

Na versão latina da Bíblia, a queda de Hélél bem Shahar converteu-se na queda de "Lúcifer, que aparece pela manhã", a Aurora. E outras traduções, como a Bíblia de Jerusalém, apresentam a versão etimológica: "Estrela d'Alva, filha da Aurora".

São João, no Apocalipse, visa também ao significado etimológico: o próprio Cristo é chamado Lúcifer: "Eu sou o rebento da estirpe de Davi, a brilhante estrela da manhã" (Ap 22,16).Haveria que pôr Lúcifer. Mas estando tão difundida a lenda da queda dos anjos, nenhum tradutor atreveu-se a colocar Lúcifer...

E a Igreja repete essa aplicação de Lúcifer a Cristo no Exultet da Vigília Pascal, quando se acende o cirio representando a Jesus Ressuscitado. Haveria que dizer "Eis o verdadeiro Lúcifer", em vez de "a verdadeira estrela da manhã".


VERSÍCULOS QUE DEIXAM CLARO QUE A PASSAGEM EM ISAÍAS SE REFERE A UM HOMEM.

Então proferirás este provérbio contra o rei de babilônia, e dirás: Como já cessou o opressor, como já cessou a cidade dourada!
Isaías 14:4

Contra o rei da babilônia.

Até as faias se alegram sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caíste ninguém sobe contra nós para nos cortar.
Isaías 14:8

Inimigos de desse rei ficam felizes com sua derrota, se a passagem se referisse a um anjo caido, isso não faria sentido.

Todos os reis das nações, todos eles, jazem com honra, cada um na sua morada.

Porém tu és lançado da tua sepultura, como um renovo abominável
Isaías 14:18-19

Com eles não te reunirás na sepultura
Isaías 14:20

Por conta da iniquidade do rei, a sepultura dele não seria honrada, ele não seria colocado num sepulcro junto com os reis que vieram antes dele, pelo contrário o que se presume é que seu corpo seria deixado para as aves e as feras do campo devorar.


Preparai a matança para os seus filhos por causa da maldade de seus pais, para que não se levantem, e nem possuam a terra, e encham a face do mundo de cidades.
Isaías 14:21

Os filhos desse rei também iriam morrer, acabando de vez com sua descendência.

Porque me levantarei contra eles, diz o SENHOR dos Exércitos, e extirparei de babilônia o nome, e os sobreviventes, o filho e o neto, diz o SENHOR.
Isaías 14:22

Novamente fala que é para a babilônia, e na matança dos filhos desse rei.


Fonte: Analisando as Escrituras / Blog Rede Esgoto de Televisão

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Onde encontramos Deus?


Onde podemos encontrar Deus? Precisamos ir à "igreja"?

A resposta seria, não! Não precisamos de uma igreja ou religião específica para encontrar Deus... Porque o reino de Deus está em nós, dentro de nós, e a prova disso são as palavras de Jesus no evangelho de Tomé, excluído da Bíblia no concílio ecumênico de Niceia no ano 325 d.C pelo Imperador Romano Constantino I, pois continha "passagens" narradas de Jesus que não favoreceriam os ideais da "igreja". Assim como o evangelho de Maria Madalena.....

Nesse concílio foi decidido o que você poderia ler na Bíblia, afinal ao contrário do que os religiosos pensam, ela não é tão sagrada assim, pois teve varias mudanças por interesses políticos dos homens daquela época.

Jesus disse no evangelho de Tomé:

"O reino de Deus está dentro de ti e a tua volta; não em palácios de pedra ou madeiras. Rache uma lasca de madeira e Eu estarei lá; Levante uma pedra e Me encontrarás..."


Outra passagem que corrobora com essa do evangelho de Tomé é encontrada em ATOS dos Apóstolos 7 - 48, 49, 50:

"Todavia, o Altíssimo não habita em casas feitas por homens, com diz o profeta: O céu é o meu trono; a terra, o estrado dos meus pés. Que espécie de casa vocês me edificarão? Diz o Senhor, ou, onde seria meu lugar de descanso? Não foram as minhas mãos que fizeram todas estas coisas?"


Antes de acreditarem fielmente em tudo que está na Bíblia atual lembrem-se que ela foi escrita e "modificada" pelo HOMEM, e não impressa na gráfica divina.

São palavras de "Deus", mas não foram escritas por ele...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Reencarnação ou Ressurreição?




Porque a Reencarnação passou a ser condenada pela Igreja Católica?

O Concílio de Constantinopla – 553 D.C

Até meados do século VI, todo o Cristianismo aceitava a Reencarnação que a cultura religiosa oriental já proclamava, milênios antes da era cristã, como fato incontestável, norteador dos princípios da Justiça Divina, que sempre dá oportunidade ao homem para rever seus erros e recomeçar o trabalho de sua regeneração, em nova existência.

Aconteceu, porém, que o segundo Concílio de Constantinopla, atual Istambul, na Turquia, em decisão política, para atender exigências do Império Bizantino, resolveu abolir tal convicção, cientificamente justificada, substituindo-a pela ressurreição, que contraria todos os princípios da ciência, pois admite a volta do ser, por ocasião de um suposto juízo final, no mesmo corpo já desintegrado em todos os seus elementos constitutivos.

É que Teodora, esposa do famoso Imperador Justiniano, escravocrata desumana e muito preconceituosa, temia retornar ao mundo, na pele de uma escrava negra e, por isso, desencadeou uma forte pressão sobre o papa da época, Virgílio, que subira ao poder através da criminosa intervenção do general Belisário, para quem os desejos de Teodora eram lei.

E assim, o Concílio realizado em Constantinopla, no ano de 553 D.C, resolveu rejeitar todo o pensamento de Orígenes de Alexandria, um dos maiores Teólogos que a Humanidade tem conhecimento. As decisões do Concílio condenaram, inclusive, a reencarnação admitida pelo próprio Cristo, em várias passagens do Evangelho, sobretudo quando identificou em João Batista o Espírito do profeta Elias, falecido séculos antes, e que deveria voltar como precursor do Messias (Mateus 11:14 e Malaquias 4:5).

Agindo dessa maneira, como se fosse soberana em suas decisões, a assembléia dos bispos, reunidos no Segundo Concílio de Constantinopla, houve por bem afirmar que reencarnação não existe, tal como aconteceu na reunião dos vaga-lumes, conforme narração do ilustre filósofo e pensador cristão, Huberto Rohden, em seu livro " Alegorias ", segundo a qual, os pirilampos aclamaram a seguinte sentença, ditada por seu Chefe D. Sapiêncio, em suntuoso trono dentro da mata, na calada da noite: " Não há nada mais luminoso que nossos faróis, por isso não passa de mentira essa história da existência do Sol, inventada pelos que pretendem diminuir o nosso valor fosforescente ".

E os vaga-lumes dizendo amém, amém, ao supremo chefe, continuaram a vagar nas trevas, com suas luzinhas mortiças e talvez pensando - "se havia a tal coisa chamada Sol, deve agora ter morrido". É o que deve ter acontecido com Teodora: ao invés de fazer sua reforma íntima e praticar o bem para merecer um melhor destino no futuro, preferiu continuar na ilusão de se poder fugir da verdade, só porque esta fora contestada pelos deuses do Olimpo, reunidos em majestoso conclave.

Vivaldo J. de Araújo

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Palavras de "Deus"




Engraçado como as pessoas têm como verdade suprema tudo que está escrito na Bíblia, acho que é por medo de “pecar” questionando algumas de suas passagens, por mais absurdas que algumas pareçam, pois são as palavras de “Deus”.... só que não foram escritas por ele.

Por mais que tenha existido a “inspiração divina” a bíblia foi escrita pelo HOMEM, que é totalmente passivo de erros e influências do momento em que vive e das emoções geradas pela sua “”.

Não é porque está escrito lá que é uma verdade sem questionamento, a maior prova disso foi o “esquecimento” do antigo testamento após a adoção do novo testamento com a vinda de Jesus. Será que “Deus” estava “errado” em tudo que foi dito no antigo, e se “corrigiu” no novo? Pois no novo testamento muito se mudou em relação aos conceitos pregados no antigo; por exemplo, pelo antigo testamento as mulheres adúlteras eram apedrejadas, no novo testamente Jesus reprimiu essa prática (João - 8: 3-11). Então.... “Deus” estava errado no antigo e reviu seus conceitos? Tenha dó!

Em várias passagens bíblicas vemos um “Deus” tirano, com sentimentos mundanos de vingança e soberba. É claro que não se trata de Deus, e sim das emoções do escritor impressas como a “palavra de Deus".
Exemplo: "O que ferir um homem querendo matá-lo, seja punido de morte" (Êxodo 21,12). "O que ferir o seu Pai ou sua Mãe seja punido de morte" (Êxodo 21,15). "Aquele que tiver roubado um homem, e o tiver vendido, convencido do crime, morra de morte" (Êxodo 21,16).

O estranho é que antes de todos esses "códigos penais" Deus no seu 6º mandamento disse: “Não Matarás(Êxodo 20:1-1). Então temos uma controvérsia, não é?

A Bíblia deve ser lida com a “mente aberta”, deve ser um instrumento de estudo e reflexão, e não um livro em que se decora passagens, de onde você aceita a interpretação (de padres, pastores, missionários... etc) sem questionamento.

Busque coerência em tudo que você lê, e tenha discernimento para não aceitar qualquer coisa como verdade... só porque lhe disseram que é verdade.

Alexandre Tomaz.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Fim do mundo... de novo?








Já assisti vários documentários e já li muito sobre as mais variadas profecias e seus profetas, e a conclusão que chego é que cada um em seu devido tempo foi influenciado pelos acontecimentos da sua época ao escrever e descrever como aconteceria o “fim do mundo”.

Muito se falou ultimamente sobre os Maias e seu calendário, na verdade se tratava de uma civilização muito avançada para seu tempo, e realmente seu calendário era tão perfeito e preciso que poderia ser usado nos dias atuais. Só que era um calendário composto de “ciclos” de 52 anos, que eram renovados quando chegavam ao seu fim. Seu início teve a data de 11 de agosto de 3114 a.C. e o seu final em 21 de dezembro de 2012 d.C. com inúmeros ciclos ao longo desse período. E com certeza se a civilização Maia ainda existisse um novo ciclo seria iniciado em 22 de dezembro de 2012 d.C.

Os Maias não previram nem o fim trágico de sua civilização, que esgotou todos seus recursos naturais na construção de pirâmides e templos, quanto mais iriam prever o fim do mundo!!!

O apóstolo João quando escreveu o livro do “apocalipse” estava exilado na ilha penal de Patmos no mar Egeu, tinha quase 100 anos de idade e viveu toda perseguição Romana contra os cristãos, e foi isso que mais o influenciou nas suas escrituras, tanto que o “número da besta” descrito por ele como 666 nada mais é do que uma interpretação numérica aramaica da junção dos nomes “CESAR - NERO”. E um detalhe, NUNCA João escreveu a palavra “Anti-Cristo” em seu apocalipse!

O mais famoso “profeta” depois dos tempos bíblicos foi Michel de Nostradamus, que na idade média começou a escrever Horóscopos diários, que caíram no gosto popular; e para “fazer uma média” com os poderosos, Rei Henrique II, Rei Francisco II, Rei Carlos IX e a influente família dos Médicis, os incluiu em várias de suas “centúrias”, rendendo a ele “status” e “proteção”, sendo muitas de suas centúrias interpretadas como “certeiras” após vários acontecimentos ao longo da história.

A verdade é que a humanidade desde o início da civilização tende a acreditar no “fantástico” e no “divino” para encontrar respostas que não conseguiam encontrar, e o “fim do mundo” sempre foi uma “sombra” sobre os humanos que fazem do seu medo e da sua ignorância as maiores armas contra si mesmos.

Se você procurar em qualquer profecia algo referente ao “fim do mundo” você vai encontrar, pois como todas são escritas propositalmente em forma de “parábolas” deixam margem para qualquer interpretação, sendo assim o leitor irá “achar” o que está procurando.

O “mundo”, digo o planeta Terra, nunca chegará ao fim, o que vamos assistir são transformações climáticas como já aconteceram ao longo da história e transformações evolucionais como progresso e fim de muitas civilizações, como sempre aconteceu. E enquanto existir “ignorância” e “medo” no coração das pessoas, sempre existirá aqueles que irão tirar proveito disso de alguma forma, se aproveitando da fragilidade e inocência de muitos... como a maioria das religiões fazem à tempos!!

Estudem, questionem!!
Alexandre Tomaz

domingo, 11 de novembro de 2012

Não somos o que pensamos ser....


Nossa ignorância e nosso egocentrismo nos faz crer que somos o "auge" da evolução universal, e que aquilo que não compreendemos, ou aquilo que não está escrito nos "livros sagrados" não é verdade...

Nosso planeta tem aproximadamente 4,54 bilhões de anos (segundo estudos geológicos) enquanto nosso universo tem aproximadamente 13,73 bilhões de anos (segundo estimativa da idade dos elementos químico
s, a idade dos aglomerados estelares antigos e a idade das estrelas anãs brancas mais antigas). Portanto é totalmente plausível que no universo incontáveis sistemas planetários tenham se originado bem antes de nós, assim como a "vida" que conhecemos e desconhecemos.

Não somos o "auge" da evolução, e nosso conhecimento não serve de parâmetro para julgarmos o que desconhecemos... A vida está espalhada por todo o universo em diferentes graus de evolução, essa é a lógica!

A verdade não está escrita em nenhum livro, ela surgirá na consciência de cada um, quando estivermos livres das religiões, dogmas, preconceitos e superstições. Fazendo assim prevalecer a lógica e a coerência.

domingo, 29 de julho de 2012

O MECANISMO DE ANTICITERA




Kentaro Mori
Este texto foi publicado na revista ‘Mistério‘ n.2
 

Por que os gregos antigos não desenvolveram uma revolução industrial? Este é um dos mais intrigantes enigmas da História, uma vez que sabemos que eles alcançaram altos graus de sofisticação em ciências como a matemática e a astronomia. Um dos exemplos mais citados do avanço da ciência grega antiga é a estimativa da circunferência da Terra por Erastótenes em torno de 200 AC. Aliando a engenhosa medida de sombras com conhecimentos matemáticos, seu erro foi de apenas algumas centenas de quilômetros.

Uma das teorias que explicaria a falha dos gregos antigos sugere que embora houvesse grandes gênios eles não existiam em número suficiente para sustentar uma revolução científica e tecnológica. Ou talvez eles não fossem desejosos de aplicar suas grandes abstrações no mundo real, quem sabe por um desprezo ao trabalho manual em uma sociedade escravagista com ampla mão-de-obra.

A teoria pareceria razoável, não fosse pela descoberta no início do século XX do mais complexo instrumento tecnológico da Antigüidade conhecido até hoje: o mecanismo de Anticitera. Este artefato isolado, como uma espécie de pedra de Rosetta da ciência e tecnologia, permite que tenhamos acesso a toda uma história que não pensávamos que realmente existia.

Arqueologia SubaquáticaA descoberta do notável mecanismo começa em 1900. O mergulhador Elias Stadiatos teve uma surpresa e tanto: a uma profundidade de pouco mais de 40 metros no mar próximo da pequena ilha grega de Anticitera, ele viu o que descreveu aterrorizado ao seu capitão como “um monte de mulheres nuas e mortas”. O que Stadiatos tinha visto deviam ser na verdade estátuas de bronze, apenas parte do magnífico tesouro que permanecera perdido por quase dois mil anos quando um navio mercante grego afundara nas águas da região.

O mais valioso artefato recuperado deste carregamento passou inicialmente despercebido. Quando retirado das águas, seria algo como uma caixa de madeira carcomida, do tamanho aproximado de uma caixa de sapatos. Devido às condições precárias, o objeto logo se desfez em pedaços, mas por outro lado isto permitiu que percebessem algumas engrenagens agora expostas, e o artefato passou a ser conhecido como o mecanismo de Anticitera.

As inscrições em grego permitiram datá-lo de forma aproximada, e tal datação coincide com a dos outros objetos encontrados nos destroços do navio. O mecanismo de Anticitera foi construído e afundou nas águas do Mediterrâneo por volta do século IAC.

Pensou-se que seria um astrolábio, contudo havia os que argumentavam com razão que as inscrições eram complicadas demais para um mecanismo assim. Ao mesmo tempo, havia os que diziam que os gregos do século I AC não podiam construir nem mesmo um astrolábio. Passariam-se mais cinco décadas até que o trabalho de restauração do mecanismo de Anticitera chegasse a um ponto em que poderia receber maior atenção, o que foi feito de forma quase heróica pelo físico e historiador de ciência Derek de Solla Price.

Raio-X do Mecanismo



Estudos pioneiros
Em 1951 Derek Price foi ao Museu Nacional em Atenas analisar por si mesmo o mecanismo. Ele estava familiar com a construção de astrolábios medievais, e uma longa jornada de pesquisas começaria.

Em sua primeira publicação sobre o tema em 1955, Price situa o mecanismo de Anticitera como precursor de todos relógios mecânicos. Logo depois, em um fascinante artigo na revista Scientific American de junho de 1959, ele chama a atenção do mundo científico a diversos aspectos do mecanismo, apontando que devia ser um computador astronômico a partir das inscrições com referências ao zodíaco, corpos celestes e aos meses do ano. Estes mostradores são singulares por apresentar claras marcações periódicas, e se inferirmos a existência de ponteiros móveis, isto estabelece o mecanismo de Anticitera como o mais antigo instrumento cientificamente graduado que conhecemos.

Todas as mais de trinta engrenagens componentes do mecanismo original aparentam ter sido cortadas da mesma chapa de bronze com uma pequena quantidade de latão, com dentes simples compostos de triângulos com ângulo de 60 graus em todas, e portanto intercambiáveis. A partir das engrenagens, Price conjeturou que o giro de uma engrenagem motriz agora perdida movimentava todas as outras levando ponteiros a indicar o movimento de corpos celestes ao longo do tempo.

O mecanismo seria assim uma espécie de simulador capaz de indicar posições celestes em qualquer data, bastando girar uma manivela para frente ou para trás. Este giro poderia ser mesmo automatizado, representando o céu junto com um relógio de água.

A hipótese era tão ousada que se chegou a propor que o artefato teria adentrado no meio dos destroços do navio (sic) em um período medieval. De fato, por tudo que sabemos, o mecanismo de Anticitera está mais de mil anos à frente de seu tempo. Mecanismos conhecidos com grau de sofisticação similares só viriam a surgir depois do século XIII ou ainda depois. Mas novamente, uma série de evidências indica com segurança que ele data do século I AC. A hipótese é sem dúvida extraordinária, mas é acompanhada de uma série de evidências extraordinárias.

A Decodificação de Price
Mais de vinte anos depois de iniciar seu trabalho, tendo por base fotografias recentes de raios-X e raios gama do objeto, Price publicaria seu trabalho final sobre o mecanismo. Em Gears from the Greeks (1974) ele atinge a meta de decodificá-lo, propondo como funcionava originalmente.
Segundo a reconstrução conjetural de Price, o mecanismo de Anticitera era um arranjo de engrenagens criadas e dispostas para indicar as posições do Sol e da Lua de acordo com o calendário. A reconstrução revela aspectos incríveis.

No lado científico, construir o mecanismo de Anticitera envolveu trabalhar a partir de uma série de tabelas astronômicas com precisão admirável para povos que observavam o céu sem telescópios, tabelas essas que os gregos devem ter herdado dos babilônios. Observando tais tabelas, os ciclos astronômicos se fazem mais claros.

O mecanismo de Anticitera incorporaria a razão astronômica de 254/19, o que é uma aproximação excelente do valor real, irracional, com erro aproximado de apenas uma parte em 86.000. Várias explicações podem ser imaginadas para que os gregos antigos tenham chegado a tal valor, mas a mais econômica – sem recorrer a seres extraterrestres ou descendentes da Atlântida – sugere que ao observar e mesmo compilar tabelas astronômicas eles possam ter percebido o ciclo de 19 anos de equinócios, solstícios e fases da Lua. Dezenove anos equivalem a aproximadamente 235 ciclos de fases da Lua, que por sua vez equivalem a 235+19=254 revoluções da Lua em relação às estrelas, sendo a adição derivada do fato de que há uma revolução a mais por ano enquanto a Lua gira conosco ao redor do Sol.

Aplicar a razão de 254/19 com engrenagens não é tarefa fácil, e aqui entra o notável aspecto tecnológico do mecanismo. Com engrenagens simples de eixo fixo, por mais complexos os arranjos que possamos criar, ficamos limitados a multiplicações e divisões de números. Para efetuar adição ou subtração em nosso pequeno computador mecânico, precisamos de um enorme avanço tecnológico: a engrenagem diferencial.

O uso moderno mais cotidiano da engrenagem diferencial é nos automóveis, onde ela permite que as rodas de cada lado do carro girem a velocidades diferentes, com uma distribuição proporcional da tração do eixo. Um diferencial é, basicamente, uma engrenagem de eixo móvel capaz de girar livremente entre duas outras. O movimento do eixo móvel é equivalente à metade do movimento somado das duas engrenagens em questão. Esta engrenagem diferencial teria sido inventada pelo inglês James Starley, em 1877.

Segundo Price, o mecanismo de Anticitera incorpora de forma engenhosa uma engrenagem diferencial, e é este seu aspecto tecnológico mais notável. Há relatos lendários chineses falando sobre uma “carruagem apontando ao Sul” usada em batalhas em 1000 AC ou mesmo antes. Seria um dispositivo de navegação que movido com cuidado, sempre apontava ao Sul a partir do movimento diferenciado de suas duas rodas. Tal carruagem incorporaria um diferencial, contudo evidências diretas de tal mecanismo datam apenas de 300 DC em diante. Desta forma, o diferencial do mecanismo de Anticitera também é o mais antigo diferencial conhecido de forma segura.
Tanto científica quanto tecnologicamente, o mecanismo de Anticitera se revela fantástico e singular.

Especulação
Como devemos entender a singularidade ímpar deste mecanismo aparentemente mil anos à frente de seu tempo? Price já sugerira que ele é o “progenitor venerável de toda nossa pletora presente de instrumentos científicos”. No Renascimento os fabricantes de instrumentos científicos evoluíram dos relojoeiros, e a tradição de relojoaria advém de uma tradição de construção de modelos astronômicos mecânicos – sendo o mecanismo de Anticitera o mais antigo exemplo.

De alguma forma o conhecimento sobre esta linhagem importante de modelos mecânicos foi tragicamente perdido, mas os frutos da tradição em si mantiveram uma continuidade da Grécia Antiga ao mundo moderno, sendo os árabes uma ponte crucial.

A especulação é maior quanto ao uso do mecanismo simulador dos movimentos celestes. Seria um uso mais utilitário, quem sabe um auxílio na educação de jovens sobre astronomia ou seria mais um brinquedo de demonstração ou decoração em grandes monumentos ou para entreter os mais abastados? O professor Christopher Zeeman faz sugestões curiosas sobre o mecanismo de Anticitera.

Segundo ele, primeiro os astrônomos babilônicos observaram os movimentos celestes como vistos da Terra. Depois, os matemáticos gregos criaram notações e cálculos para descrever tais movimentos. Vieram então os engenheiros gregos, que criaram modelos mecânicos para reproduzir esses movimentos, sendo o mecanismo de Anticitera um exemplo. Com o auxílio de tais modelos, os estudantes aprenderam astronomia até culminar em Ptolomeu, que por volta de 150DC teria interpretado a mecânica celeste como uma reprodução literal desses mecanismos – propondo esferas celestes girando ao redor da Terra!

Os planetários mecânicos podem ter influenciado o pensamento humano por mais de 1000 anos, e o que era um simples simulador do céu como visto da Terra teria dado a sólida noção de que nosso planeta realmente estava no centro do Universo, e esferas celestes giravam ao seu redor movidas por uma complexa engenharia oculta criada por Deus.

O fato é que a mera existência do mecanismo de Anticitera torna plausível toda uma série de aparelhos descritos nos poucos manuscritos que restaram da Antigüidade e que do contrário pensaríamos ser completamente fantasiosos. Seria realmente mera lenda que Arquimedes teria repelido uma frota de navios utilizando espelhos concêntricos? Em Rodes, Filo de Bizâncio encontrou e descreveu um políbolo, uma catapulta “metralhadora” capaz de atirar em série sem necessidade de recarregamento constante, o que deve ter sido um aparelho consideravelmente complexo e se torna agora mais real que lendário.

De forma ilustrativa, podemos encontrar uma referência crucial em relação ao mecanismo de Anticitera. Em 79 AC, o orador e político romano Marco Túlio Cícero foi também a Rodes, provável cidade onde o mecanismo de Anticitera foi construído, e descreveu em De natura deorum II:

Reconstrução do mecanismo de Anticitera
Data: 08/12/2008
Bozeman, American Computer Museum


“Suponha que um viajante leve a Cítia ou Bretanha o planetário recentemente construído por nosso amigo Posseidônio, que a cada revolução reproduz os mesmo movimentos que têm lugar nos céus a cada dia e noite o Sol, a Lua e os cinco planetas. Irá qualquer nativo duvidar que este planetário era o trabalho de um ser racional?”
A descrição de Cícero pareceria fantasia, mas agora indica a existência muito plausível de uma tradição de construção de planetários em Rodes.

Reavaliação e a persistência do enigma
Pouco antes de sua morte, Derek Price notou com tristeza que o mecanismo de Anticitera teria afundado duas vezes: a primeira há dois mil anos, e então depois da publicação de seu trabalho final em 1975. O mundo acadêmico deu pouca atenção ao tema, a despeito da importância seminal do artefato evidenciada por ele.

De forma irônica, felizmente estudos recentes e idéias novas vêm sendo propostas, mas ainda que sempre reconheçam a relevância do trabalho de Price, começam justamente por reavaliá-lo.

A reconstrução conjetural de Price não dá função para algumas engrenagens, e a estimativa de dentes para diversas peças é feita para se ajustar à pré-concepção de que o mecanismo representava os movimentos do Sol e da Lua, com um diferencial. Uma das maiores engrenagens do mecanismo não encontra muito uso.

Alterando tais estimativas, é possível propor reconstruções capazes de exibir os movimentos do Sol, Lua e alguns outros planetas dos cinco conhecidos pelos gregos antigos. Especula-se que o planetário descrito por Cícero, e criado por Posseidônio, poderia ser o próprio mecanismo de Anticitera. E, por fim, o próprio diferencial é colocado em questão.

Todos esses estudos dependem agora de novas radiografias do mecanismo com tecnologias de última geração para seguirem adiante e quem sabe revisar de forma profunda o trabalho pioneiro de Derek Price. O mecanismo de Anticitera pode ter sido parte de um sistema maior, capaz de exibir os movimentos de todos corpos celestes. Sua função pode ter sido mais astrológica que astronômica – o que não seria surpresa ou um grande dissabor para os cientistas, uma vez que as origens da astronomia estão inegavelmente nas superstições da astrologia.

O que sabemos com razoável certeza é que o mecanismo de Anticitera continua um artefato singular para a história da ciência e tecnologia, com complexidade notável em pelo menos trinta engrenagens dispostas de forma cuidadosa em uma pequena caixa, com mostradores graduados de forma comparável a um relógio científico moderno.

Em seu artigo para a Scientific American, Price termina escrevendo que é um pouco assustador saber que pouco antes do declínio de sua grande civilização os gregos antigos chegaram tão perto de nossa era, não só em sua ciência, como em sua tecnologia. Isto não só permanece motivo de preocupação frente ao futuro de nossa civilização, como ainda é um verdadeiro enigma.